quinta-feira, 22 de novembro de 2012

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO






O final do ano se aproxima: fim das aulas, perspectiva de férias, hora de avaliar e elaborar  metas para o ano vindouro. Pressentimos as cores, sons, sabores e odores do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vamos iniciar um tempo singular  que possui uma “magia” envolvente.

No domingo, 25 de novembro, celebrando a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, vivendo a última semana do tempo comum,  fechamos um ciclo na vida litúrgica da Igreja. Em dois de dezembro, domingo, iniciaremos o tempo do Advento.

“Eis que vem teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva”(Zc 9, 9).
Jesus Cristo é Rei! Na casa de Pilatos Ele manifesta a sua realeza:
“Pilatos tornou a entrar no palácio, chamou Jesus e perguntou:

- Você é o rei dos judeus?

Jesus respondeu:

- Esta pergunta é do Senhor mesmo ou foram outras pessoas que lhe disseram isso a meu respeito?
- Por acaso eu sou judeu? _ Disse Pilatos. _ A sua própria gente e os chefes dos sacerdotes é que o entregaram a mim. O que foi que você fez?

Jesus respondeu:

- O meu Reino não é deste mundo! Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus seguidores lutariam para não deixar que eu fosse entregue aos líderes judeus. Mas o fato é que o meu Reino não é deste mundo!
- Então você é rei? _ Perguntou Pilatos.

- É o senhor que está dizendo que eu sou rei! _ respondeu Jesus. _ Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha voz.

- O que é a verdade? _ Perguntou Pilatos”(Jo 18, 33-38).

Jesus Cristo é Justo!

Dizer que Jesus Cristo é justo é afirmar que Ele é santo. A santidade, ou a justiça, é um atributo de Deus, Ele é “santo, santo, santo”, como rezamos na missa, para mostrar que é santíssimo.

Jesus Cristo é o Salvador!

Porque é santo, justo, Nosso Senhor Jesus Cristo é fonte da santidade para a pessoa humana. N’Ele a pessoa humana é justificada, santificada.

À medida que acolhe a salvação de Jesus Cristo em sua vida, a pessoa humana o aceita como seu rei. Reinando na vida de seus amigos, Ele faz com que as características de seu reino sejam também impressas no mundo e na história.

Nosso Senhor Jesus Cristo, rei do universo, justo e salvador, nos oferece a santidade de Deus e nos faz participantes da vida divina. Por nosso intermédio, o mistério do seu reino transforma a realidade histórica e mundana, num processo conduzido pelo Divino Espírito Santo.

Celebrar anualmente a realeza de Jesus Cristo é ter a alegria e o privilégio de poder contribuir com nossa vida, palavra e ações para que o seu reinado em nós, e entre nós, revele de algum modo a beleza do seu reino, que será pleno na eternidade, referência para nossa presença transformadora no mundo e na história, hoje tão marcados pela falta de amor, justiça e paz.

Deixe Nosso Senhor Jesus Cristo reinar em sua vida!

+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Homilia da Posse Canônica de São José do Rio Preto


INTRODUÇÃO:

Caros fiéis: leigos, consagrados, religiosas, diáconos, sacerdotes, bispos, arcebispos e cardeais.

Tenho no meu coração a recordação de Abraão que, na maturidade, partiu de Ur, na Caldéia, para conquistar a terra prometida e cultivar as raízes do Povo de Deus.

Vivo uma situação humanamente inusitada: companheiros de infância chegam à aposentadoria. Alguns deles contemplam nos seus braços, não mais os filhos, mas os netos.

A esta altura da vida, esperando e desejando uma transferência da Arquidiocese de São Paulo, pensava que me seria concedido voltar para o sul de Minas Gerais; ou, ao menos, para próximo dele. No entanto, eis me aqui!

Para o porvir, vislumbro no horizonte, quiçá, 23 anos de ministério nesta Diocese de São José do Rio Preto, terra iluminada e aquecida pelo sol, símbolo da fé suscitada e iluminada pelo Espírito Santo no coração do povo que habita este chão.

Oxalá, do mesmo modo que deste solo abençoado brota a cana, fonte do etanol e do açúcar, combustíveis para o mundo e o homem, que nossa fé seja fonte de vida para uma Igreja santa e um mundo melhor.

1.0 "É PRECISO QUE EU EVANGELIZE".

Saúdo os fiéis das cidades de Adolfo, Altair, Álvares Florence, Américo de Campos, Bady Bassitt, Bálsamo, Buritama, Cedral Cosmorama e Floreal.

No Evangelho proclamado, a partir das pessoas e dos tempos de Noé e Lot, tomados como estruturas paradigmáticas, Jesus Cristo nos propõe a contemplação, na fé e na esperança, da sua revelação final e gloriosa no fim dos tempos.

De alguma maneira, em modo próprio, experimentamos a realidade universal e final da Parusia já sinalizada no mistério pessoal da morte e do juízo particular.

Vivemos o último tempo da História da Salvação. Como nas épocas de Noé e de Lot, estamos sujeitos a um risco fatal, o da cotidianidade, descrita no evangelho como um modo de vida banal centrado no comer, beber e casar-se; ou ainda, no comprar, vender, plantar e construir; ou, em um terceiro modo, descrito como um estar aí, no terraço ou nos campos, na cama ou na moenda.

Na Palavra da Salvação acolhida, Jesus Cristo mostra que há um modo para romper o risco e a tentação da cotidianidade: "Quem procura ganhar a sua vida vai perdê-la, e quem a perde vai conservá-la".

Ora, é justamente isso o que Jesus Cristo faz através da sua encarnação, vida oculta, ação pastoral, no mistério de sua cruz e ressurreição. O que propôs como ideário de vida, Ele o realiza existencialmente: perde a sua vida, morto na cruz, mas conserva-a com a ressurreição.

2.0 "NO CORAÇÃO DA MÃE".

Saúdo os fiéis das cidades de Gastão Vidigal, Guapiaçu, Icém, Ipiguá, Jaci, José Bonifácio, Lourdes, Macaubal, Magda e Mendonça.

A primeira leitura que ouvimos, da segunda carta de São João, mostra a necessidade de caminhar segundo a verdade, viver no amor com os outros, que é, segundo o próprio autor, viver segundo os mandamentos.

A verdade e o amor são apresentados como o caminho para combater os sedutores que não confessam o mistério da Encarnação. Estes não só não permanecem na doutrina de Cristo, mas acreditando situarem-se para além dela, não possuem a Deus.

Morrer para a cotidianidade é, em Jesus Cristo, morrer para a mentira e o egoísmo, viver na verdade e no amor. Eis o caminho da santidade, da perfeição da vida cristã: santidade na verdade e caridade!

3.0 "É PRECISO QUE ELE REINE".

Saúdo os fiéis das cidades de Mirassol, Mirassolândia, Monções, Monte Aprazível, Neves Paulista, Nhandeara, Nipoã, Nova Aliança, Nova Granada e Nova Luzitânia.

Vivemos o tempo escatológico, estamos na última vigília, clamamos: "Vem, Senhor Jesus!". Não há outro tempo a esperar, por isso não há tempo a perder. Há uma urgência em conceder Jesus Cristo e o seu Evangelho de Salvação a todos que o esperam.

Hoje, de forma mais intensa que ontem, condicionados por tantos atrativos, possibilidades, desafios e tarefas, estamos submetidos ao influxo da distração e da dispersão na vida de fé e na ação pastoral.

Bem intencionados, investimos tempo e energia na análise da realidade, na busca interminável de novos caminhos, estruturas e estratégias para a vida cristã e pastoral.

Ao fim da compreensão, se é que ela termina, o permanente risco é o de "morrer na praia": não ir ao encontro das pessoas para doar-lhes Jesus Cristo e o seu evangelho de salvação.

Segundo a vontade do Pai, os que deveriam encontrar, conhecer, amar e seguir Jesus Cristo, por nossa culpa, acabam privados do bem maior que possuímos e que elas tanto esperam receber por nosso intermédio, o Divino Salvador.

Há uma urgência inadiável de uma vida cristã missionária, fundada na experiência da irresistibilidade de Jesus Cristo, do fascínio que Ele exerce sobre nós. Seduzidos por Ele, somos impelidos pelo Espírito Santo, como exigência alegre e interna, a doá-lo ao outro, à sociedade, à cultura e ao mundo. Uma ação apostólica que deve ocorrer na e através da Igreja, Mãe e Mestra.

A causa e a necessidade da missão da Igreja no mundo não são externas ao Povo de Deus. A experiência que fazemos de Jesus Cristo no-lo apresenta como o Bem de Deus, Criador e Salvador, para a humanidade.

"O Bem difunde-se por si mesmo". A proposta de Deus Pai à pessoa humana, Jesus Cristo, difunde-se por si, na força do Espírito Santo. Somos inseridos nesta dinâmica como seus amigos. Só Deus é bom, e Jesus Cristo é a materialização de sua bondade para a humanidade e o mundo.

Somos amigos de Jesus Cristo porque o experimentamos como o Bem de Deus em nossa vida: "Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai". Por isso o propomos às outras pessoas, à sociedade, ao mundo e à cultura.

Do mesmo modo como nos foi doado, através da Igreja, Jesus Cristo precisa de nós para chegar aos outros. Não só ao outro distante, mas ao outro que está ao meu lado na família, na escola, no trabalho e na vida social. Outro que é realmente outro, enquanto não faz parte do nós, da Igreja, dos amigos de Jesus Cristo.

4.0 "QUE TODOS SEJAM UM"

Saúdo os fiéis das cidades de Onda Verde, Orindiúva, Palestina, Parisi, Paulo de Faria, Planalto, Poloni, Pontes Gestal, Potirendaba e Riolândia.

Para viver missionariamente, precisamos de uma vida de fé mistagógica, que nos faça participantes da vida de Deus. Uma vida de fé que sustentada na experiência orante da Palavra de Deus, na vida sacramental e no exercício da caridade.

Não há outra receita nem outro caminho! É preciso voltar ao essencial, e o essencial é simples, belo e suficiente: alimentar-se da Palavra de Deus, dos Sacramentos e da Caridade.

Viver mistagogicamente a fé pressupõe reconhecer o protagonismo do Espírito Santo. Implica deixar Deus ser Deus em nossa vida. Deixemos Deus ser Deus em nossa vida! Deixemos Deus ser Deus em nossa Diocese de São José do Rio Preto!

Uma fé vivida existencial e mistagogicamente, como proposta por Jesus Cristo, vemos exemplificada na pessoa de Nossa Senhora e de São José, pessoas que não caíram na cotidianidade, mas morreram para si mesmas para viverem para Jesus Cristo e tiveram suas existências transfiguradas, pois fizeram a Vontade do Pai.

5.0 "PARA O SERVIÇO À VIDA"

Saúdo os fiéis de São José do Rio Preto, Sebastianópolis do Sul, Tanabi, Turiuba, Ubarana, Uchoa, União Paulista, Valentim Gentil, Votuporanga e Zacarias.

A crise hodierna do ato de crer não é só conseqüência da linguagem e da ausência ou inadequação das estratégias na missão evangelizadora. Há algo mais. Cresce no coração das pessoas, nas estruturas sociais, na cultura e no mundo uma radical recusa à fé e ao seu conteúdo enquanto tal. Não ignorar esta recusa da fé é condição para uma veraz e eficiente evangelização.

A recusa da fé manifesta-se nas pessoas, no mundo, na sociedade, na cultura e na própria Igreja como um maléfico fermento que produz frutos que se espalham por toda parte como um vírus no mundo virtual. Estes frutos não assustaram porque se apresentaram em doses "homeopáticas", disfarçados, mimetizados. Quando se percebe, já estão introduzidos nas pessoas, comunidades e instituições.

Uma nova evangelização para a transmissão da fé pressupõe não só eliminar alguns frutos deteriorados, podar galhos, mas também arrancar alguns males pela raiz, pois são eles que levam ao subjetivismo e relativismo na experiência de fé.

Uma nova evangelização para a transmissão da fé precisa de um antídoto, um antivírus radical, peculiar: pessoas apaixonadas por Jesus Cristo, tal como Ele é guardado e apresentado pela Igreja; pessoas que se deixem seduzir pela irresistibilidade de Jesus Cristo, pois Ele é o nosso único Salvador.

A eliminação dos males pela raiz, o melhor sistema de segurança antivírus para a mediocridade da vida cristã e da ação pastoral, pressupõe abraçar o mistério da cruz e o martírio diário, o que só é possível para católicos apaixonados por Jesus Cristo e que acolhem a Igreja como Mãe e Mestra e vivem nela como filhos e discípulos.

CONCLUSÃO:

SANTIDADE NA VERDADE E CARIDADE

Cumprimento as autoridades presentes nesta Santa Missa. Saúdo os fiéis vindos de cidades de outras arquidioceses e dioceses do Brasil. Acolho com gratidão meus familiares e amigos. Amplexo aos que rezam conosco pelos meios de comunicação.

Não me olvido que hoje celebramos a memória litúrgica de Santa Margarida da Escócia e Santa Gertrudes. A primeira, esposa, mãe e rainha; a segunda, religiosa contemplativa, culta, que bebeu sua sabedoria na liturgia, na Sagrada Escritura e na Patrística.

Enquanto Santa Margarida da Escócia mostra-nos a possibilidade de viver o ordinário da vida de modo extraordinário, sem cair na cotidianidade, Santa Gertrudes exorta a não esquecermos de viver o silêncio contemplativo.

A recordação destas duas mulheres na liturgia faz-me reconhecer a fundamental presença e ação das mulheres na Igreja. A vocês mulheres na e da Igreja, muito obrigado! Deus lhes pague!

Fiéis diocesanos de São José do Rio Preto, doravante filhos e filhas, à luz do êxodo de Abraão, compreendo que venho como enviado, em missão confiada pela Igreja. Quero crer, seja esta a Vontade de Deus para mim e para a nossa Diocese de São José do Rio Preto.

Confiando n'Aquele que envia, como filho e discípulo da Igreja, acolhi sem pestanejar o pedido da Nunciatura Apostólica! De hoje em diante, a Diocese de São José do Rio Preto será para mim a terra prometida!

À diferença de Abraão, nada tenho a conquistar nesta terra, a não ser novos amigos para Jesus Cristo e novos filhos para a Igreja. A gente desta terra me é oferecida pela Igreja. E eu a acolho de coração aberto e alegre. A partir deste presente, amo e amarei os fiéis desta Diocese como a filhos e filhas muito queridos!

Oxalá, como o ocorrido com Abraão, o tempo a ser vivido nesta Diocese de São José do Rio Preto seja para mim uma bênção, uma graça, a hora da felicidade também humana, até agora desejada, buscada e não encontrada como bispo na Igreja ao longo destes quase oito anos. Sinto-me continuamente desconfortável neste ministério, não pelo que é em si, mas pelo que sou e como sou, um pecador na sucessão dos apóstolos. O episcopado tem sido para mim mais um ônus do que um bônus.

Caro filho e querida filha, como ensina Jesus Cristo, de hoje em diante, sua cidade será minha cidade, sua casa será minha casa, sua família será minha família, sua mesa será minha mesa, seus pais serão também os meus, meus também os seus irmãos e irmãs.

Em contrapartida, caro filho e querida filha, meu coração não me pertence mais, é de vocês; meus braços se abrirão e fecharão em abraços para tê-los na partilha da alegria e da tristeza, da saúde e da doença, amando-os na santidade, buscada e respondida na verdade e na caridade. O que sou e tenho, não me pertencem mais, é de vocês.

Se minhas limitações pessoais se tornarem um empecilho para uma eficiente ação pastoral, decepcionando-os e não correspondendo ao que a Igreja espera de mim, saibam que diuturnamente, genuflexo em oração, minha oração será com e por vocês.

Diferentemente do que solicitou Santa Mônica a Santo Agostinho, peço-lhes que, quando vier a faltar-me a vida neste mundo, quando já não mais for-lhes útil este pobre e combalido corpo, meus despojos sejam devolvidos à cidade de Cristina, onde gostaria que repousasse, junto a meus pais, no aguardo da ressurreição final, naquela colina que, a cada dia, recebe sempre os primeiros raios de sol.

Caros diocesanos, somos confiados à terna e materna proteção de Nossa Senhora, sob o título do Imaculado Coração de Maria. São propícias para nós as palavras que Santo Antônio Maria Claret disse aos seus filhos espirituais: "Um filho do Imaculado Coração de Maria é aquele que arde de caridade e, por onde quer que passe, incendeia; que deseja eficazmente, por todos os meios, que todos os homens se inflamem com o fogo do amor divino. Não se amedronta com coisa alguma; goza com as privações; vai ao encontro dos trabalhos; abraça as tristezas; nas calúnias está contente; alegra-se nos tormentos; pensa unicamente em como seguir e imitar Jesus Cristo, rezando, trabalhando, sofrendo sempre e unicamente preocupado com a glória e a salvação dos homens" .

Enfim, caro filho e querida filha, "Recomendemo-nos à proteção daquele a quem o próprio Deus confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos, São José" , patrono desta igreja catedral:

"Lembrai-vos ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó meu doce protetor, São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa proteção, implorado vosso socorro e não fosse por vós consolado e atendido. Com esta confiança venho à vossa presença e a vós fervorosamente me recomendo. Não desprezeis a minha súplica ó Pai adotivo do Redentor, mas dignai-vos acolhê-la piedosamente. Assim seja!"

Dom Tomé Ferreira da Silva
Bispo da Diocese de São José do Rio Preto

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

10 CONSELHOS DE BENTO XVI AOS JOVENS


1) Conversar com Deus
“Algum de vós poderia talvez identificar-se com a descrição que Edith Stein fez da sua própria adolescência, ela, que viveu depois no Carmelo de Colônia: “Tinha perdido consciente e deliberadamente o costume de rezar”. Durante estes dias (de Jornada Mundial da Juventude) podereis recuperar a experiência vibrante da oração como diálogo com Deus, porque sabemos que nos ama e, a quem, por sua vez, queremos amar”.
2) Contar-lhe as penas e alegrias
“Abri o vosso coração a Deus. Deixai-vos surpreender por Cristo. Dai-lhe o ‘direito de vos falar’ durante estes dias. Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso. Apresentai as vossas alegrias e as vossas penas a Cristo, deixando que ele ilumine com a sua luz a vossa mente e toque com a sua graça o vosso coração.
3) Não desconfiar de Cristo
“Queridos jovens, a felicidade que buscais, a felicidade que tendes o direito de saborear, tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. Só ele dá plenitude de vida à humanidade. Dizei, com Maria, o vosso ‘sim’ ao Deus que quer entregar-se a vós. Repito-vos hoje o que disse no princípio de meu pontificado: Quem deixa entrar Cristo na sua vida não perde nada, nada, absolutamente nada do que faz a vida livre, bela e grande. Não! Só com esta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só com esta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos o que é belo e o que nos liberta. Estai plenamente convencidos: Cristo não tira nada do que há de formoso e grande em vós, mas leva tudo à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo”.
4) Estar alegres: querer ser santos
“Para além das vocações de consagração especial, está a vocação própria de todo o batizado: também é esta uma vocação que aponta para um ‘alto grau’ da vida cristã ordinária, expressa na santidade. Quando encontramos Jesus e acolhemos o seu Evangelho, a vida muda e somos impelidos a comunicar aos outros a experiência própria (…). A Igreja necessita de santos. Todos estamos chamados à santidade, e só os santos podem renovar a humanidade. Convido-vos a que vos esforceis nestes dias por servir sem reservas a Cristo, custe o que custar. O encontro com Jesus Cristo vos permitirá apreciar interiormente a alegria da sua presença viva e vivificante, para testemunhá-la depois no vosso ambiente”.
5) Deus: tema de conversa com os amigos
“São tantos os nossos companheiros que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com sucedâneos insignificantes. Portanto, é urgente ser testemunhos do amor que se contempla em Cristo. Queridos jovens, a Igreja necessita autênticos testemunhos para a nova evangelização: homens e mulheres cuja vida tenha sido transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros”.
6) No Domingo, ir à Missa
“Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os outros a descobri-la. Certamente, para que dela emane a alegria que necessitamos, devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente, devemos aprender a amá-la. Comprometamo-nos com isso, vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos os que fazemos uma festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus permite sempre que a nossa vida comece novamente”.
7) Demonstrar que Deus não é triste
“Quem descobriu Cristo deve levar os outros para ele. Uma grande alegria não se pode guardar para si mesmo. É necessário transmiti-la. Em numerosas partes do mundo existe hoje um estranho esquecimento de Deus. Parece que tudo anda igualmente sem ele. Mas ao mesmo tempo existe também um sentimento de frustração, de insatisfação de tudo e de todos. Dá vontade de exclamar: Não é possível que a vida seja assim! Verdadeiramente não”.
8) Conhecer a fé
“Ajudai os homens a descobrir a verdadeira estrela que nos indica o caminho: Jesus Cristo. Tratemos, nós mesmos, de conhecê-lo cada vez melhor para poder conduzir também os outros, de modo convincente, a ele. Por isso é tão importante o amor à Sagrada Escritura e, em consequência, conhecer a fé da Igreja que nos mostra o sentido da Escritura”.
9) Ajudar: ser útil
“Se pensarmos e vivermos inseridos na comunhão com Cristo, os nossos olhos se abrem. Não nos conformaremos mais em viver preocupados somente conosco mesmo, mas veremos como e onde somos necessários. Vivendo e atuando assim dar-nos-emos conta rapidamente que é muito mais belo ser úteis e estar à disposição dos outros do que preocupar-nos somente com as comodidades que nos são oferecidas. Eu sei que vós, como jovens, aspirais a coisas grandes, que quereis comprometer-vos com um mundo melhor. Demonstrai-o aos homens, demonstrai-o ao mundo, que espera exatamente este testemunho dos discípulos de Jesus Cristo. Um mundo que, sobretudo mediante o vosso amor, poderá descobrir a estrela que seguimos como crentes”.
10) Ler a Bíblia
“O segredo para ter um ‘coração que entenda’ é edificar um coração capaz de escutar. Isto é possível meditando sem cessar a palavra de Deus e permanecendo enraizados nela, mediante o esforço de conhecê-la sempre melhor. Queridos jovens, exorto-vos a adquirir intimidade com a Bíblia, a tê-la à mão, para que seja para vós como uma bússola que indica o caminho a seguir.Lendo-a, aprendereis a conhecer CristoSão Jerônimo observa a este respeito: ‘O desconhecimento das Escrituras é o desconhecimento de Cristo’”.

Fonte: http://destrave.cancaonova.com/10-conselhos-de-bento-xvi-aos-jovens/

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Lectio Divina


Método Leitura Orante

Esquema detalhado
Antes de tudo, colocar-se à luz do Espírito de Deus e pedir sua ajuda.
Depois, seguir os quatro degraus da Leitura Orante da Bíblia:
Leitura, Meditação, Oração, Contemplação.
1º - Leitura
 O que o texto diz?
A leitura é o primeiro passo, ou degrau da Leitura Orante da Bíblia. Ler na Biblia, reler, tornar a ler, cada vez mais, conhecer bem o que está escrito, até assimilar o próprio texto; respeitar o texto tal como ele é, sem interpretações precipitadas, sem achar que já conhece esse texto. A Sagrada Escritura é como uma fonte de água. A cada instante brota uma água nova que não é a mesma água do segundo anterior. É como um copo de água que você bebe. Só se bebe aquele copo d’água uma vez na vida. Assim cremos que seja a Palavra de Deus é sempre nova e atual. Ao ler o texto da Escritura, fazê-lo com o respeito de quem se encontra pela primeira vez. Estar atento para as palavras, as repetições, o jeito como está escrito, quem aparece no texto, em que lugar, o que fazem, o que falam... Muitas vezes precisaremos lançar mão de algum subsídio que ajude a entender o texto e o seu contexto histórico/social; usar estudos, dicionários bíblicos, livros, a ciência, a teologia e outros meios. De acordo com Dt 30,14 -“A Palavra está muito perto de ti: na tua boca” - é chegar perto da Palavra de Deus; a Palavra está na boca. Aqui descobrimos o que o texto diz em si mesmo.
2º - Meditação
O que Deus está me falando?
A meditação é o segundo degrau. Depois de ouvir e ler a Sagrada Escritura, de assimilá-la criativa e ativamente, vamos usar a imaginação, palavras, a repetição mental ou oral de uma palavra, uma frase, um versículo. Repetir de memória, com a boca, o que foi lido e compreendido. Vamos ruminar até que, da boca e da cabeça, passe para o coração. Já não é mais só o que o texto diz, mas o que esta palavra está dizendo hoje, o que me diz concretamente dentro da realidade em que estamos vivendo. O que Deus falou no passado e o que está falando hoje, através deste texto? É uma forma simples de meditação, um jeito de saborear o texto com cores e cheiros de hoje, da nossa realidade. “A Palavra está muito perto de ti: na tua boca e no teu coração”.
Questionamentos: O que o texto me diz? (Ruminar, trazer o texto para a própria vida e a realidade pessoal e social.)
3º - Oração
O que o texto me faz dizer a Deus?
A meditação nos faz subir o terceiro degrau. A leitura e meditação se transformam em um encontro mais direto, íntimo e pessoal com Deus. Entramos em diálogo, em comunhão amorosa com Deus. Respondemos a Deus, pedimos que nos ajude a praticar o que a sua Palavra nos pede. O texto bíblico e a realidade de hoje nos motivam a rezar. O terceiro passo é a oração pessoal que pode desabrochar em oração comunitária, expressão espontânea de nossas convicções e sentimentos mais profundos. “A Palavra está muito perto de ti: ... no teu coração”.
(Rezar – suplicar, louvar, dialogar com Deus, orar com um salmo...)
4º - Contemplação
Qual o meu novo olhar? A partir da Palavra.
É o transbordamento do coração em ação transformadora. “Para que ponhas em prática” (Dt 30,14). Contemplar não é algo intelectual, que se passa na cabeça, mas é um agir novo que envolve todo nosso ser. É contemplativa a pessoa que tem o “jeito novo” de ser, viver, ver e assumir a vida, conforme o projeto daquele que é o nosso único Mestre e que nos diz: “Vocês são todos irmãos” (Mt 23,8). A Leitura Orante se torna uma atitude continuada no dia-a-dia por uma ação transformadora – pessoal, comunitária, social, mundial.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Angelus, 4 de novembro


ANGELUS 

Praça de São Pedro
Domingo, 4 de novembro, 2012

Queridos irmãos e irmãs!

O Evangelho deste domingo (Mc 12, 28-34) nos propõe o ensinamento de Jesus sobre o maior mandamento: o mandamento do amor, que é duplo: amar a Deus e amar ao próximo. Os Santos, que recentemente celebramos todos juntos  em uma única festa solene, são aqueles que, confiando na graça de Deus, buscam viver segundo esta lei fundamental. De fato, o mandamento do amor pode colocá-lo em prática plenamente somente quem vive uma relação profunda com Deus, assim como a criança se torna capaz de amar a partir de um bom relacionamento com sua mãe e seu pai.
São João de Ávila, que recentemente proclamei Doutor da Igreja, assim escreve ao inicio do seu Tratado de Amor a Deus:  "A causa - diz - que mais impulsiona o nosso coração ao amor de Deus é considerar profundamente o amor que Ele teve por nós... Isto, mais do que os benefícios, leva o coração a amar; porque aquele que faz ao outro um beneficio, lhe dá alguma coisa que possui; mas aquele que ama, se doa com tudo o que tem, sem que lhe sobre algo a dar" (n.1). Antes de ser uma ordem - o amor não é uma ordem - é um dom, uma realidade que Deus nos faz conhecer e experimentar, para que, como uma semente possa germinar também dentro de nós e se desenvolver em nossa vida.
Se o amor de Deus deixou raízes profundas em uma pessoa, esta é capaz de amar até mesmo quem não merece, assim como Deus faz conosco. O pai e a mãe não amam os filhos somente quando eles merecem: os ama sempre, mesmo quando naturalmente faz com que eles entendam que estão errados. De Deus aprendemos a querer sempre e somente bem e nunca o mal. Aprendemos a olhar o outro não somente com os nossos olhos, mas com os olhos de Deus, que é o olhar de Jesus Cristo. Um olhar que vem do coração e não permanece na superfície, vai além das aparências e consegue captar os anseios profundos do outro: de ser escutado, de uma atenção gratuita; em uma palavra: de amor. Mas se verifica também o percurso inverso: que abrindo-me ao outro assim como ele é, indo ao seu encontro, tornando-me disponível, eu me abro também para conhecer a Deus, para sentir que Ele existe e é bom.
Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis e estão em relação recíproca. Jesus não inventou nem um nem outro, mas revelou que estes são, no fundo, um único mandamento, e o fez não apenas com palavras, mas, sobretudo, com o seu testemunho: a própria Pessoa de Jesus e todo o seu mistério encarnam a unidade do amor a Deus e ao próximo, como os dois braços da Cruz, vertical e horizontal. Na Eucaristia Ele nos doa esse duplo amor, doando-Se a Si mesmo para nós, para que, nutridos deste Pão, nos amemos uns aos outros como Ele nos amou.
Queridos amigos por intercessão da Virgem Maria rezemos para que todo cristão saiba mostrar a sua fé no único verdadeiro Deus com um testemunho claro de amor ao próximo.